Contabilidade Social e a Teoria Empresarial

Prof. Me. Wilson Alberto Zappa Hoog

 

Resumo:

O artigo apresenta de forma sucinta uma visão da contabilidade social e ambiental a partir da teoria empresarial de Soujanen, com a valorização e a visualização dos dois elementos propostos pelo autor citado para a equação contábil, que são: ISP- influências socioambientais positivas, e Influências Socioambientais Negativas (ISN).

Estas influências continuam relevantes para os estudos contabilísticos contemporâneos, até porque, esta teoria possui características de apresentar um grande alcance na teoria pura da contabilidade.

E com este referente, tratamos dos cuidados que o contador deve ter em relação aos estudos e interpretações das teorias contabilísticas.

 

Palavras-chave: Contabilidade social.  Influências Socioambientais Positivas (ISP). Influências Socioambientais Negativas (ISN). Teoria empresarial e Soujanen. Teoria pura da contabilidade.

 

Desenvolvimento:

Com base na teoria de Soujanen, de 1954, é possível visualizar a importância das influências sociais e ambientais para uma melhor compreensão dos relatos contábeis.

     A teoria empresarial é atribuída a Soujanen[1] em 1954, que trabalha os conceitos de responsabilidade social das células sociais com desenvolvimento sustentável. Contendo lastro na contabilidade social e ambiental, trata-se de proposta teórica fundada na função social das pessoas jurídicas.

Tendo influência nos estudos contabilísticos contemporâneos, esta teoria possui características da teoria da entidade. Está no Brasil associada à teoria jurídica das empresas, visto que está baseada no princípio da preservação da sociedade empresária, interesse da sociedade e sua função social (CF/88, art. 170, III). Este é o espírito da teoria das empresas: preservar a atividade lícita e sua função social. A partir da formulação desta teoria, apresentamos uma sugestão para uma equação patrimonial, baseada em contas com saldos devedores e credores[2], conforme segue: (A + D + C + ISP = P + PL + R +G + ISN –P), onde:

A = Ativo

D = Despesa

C = Custos

ISP = Influências Socioambientais Positivas

P = Passivo

PL = Patrimônio Líquido

R = Receita

G = Ganho que verte de atividades não operacionais

ISN = influências Socioambientais Negativas

P = Perda que verte de atividades não operacionais

Visualizam-se nesta equação contábil dois novos elementos, ISP e ISN.  Estes novos elementos, normalmente não são escriturados pelas células sociais, salvo quando obrigadas por lei. Como exemplo do ISP, temos os ativos ambientais do tipo investimentos em educação, preservação e qualidade de vida, e do ISN, temos os passivos ambientais do tipo contingências.

Nesta concepção de responsabilidade social temos a supremacia dos interesses da coletividade que se sobrepõem aos dos acionistas. Vislumbra-se a aplicação desta teoria a grandes empresas, em especial às que atuam em setores econômicos mais suscetíveis à interferência no meio ambiente, tais como: mineração, pesca, o agronegócio, a indústria de transformação, além das que labutam com petróleo e produtos químicos. Apesar disso, esta teoria não se restringe apenas a esses tipos de empreendimentos. A responsabilidade social das pessoas jurídicas é um dos temas mais discutidos na atualidade, sendo elemento da teoria pura da contabilidade.

Este artigo representa uma reprodução parcial, in verbis, do nosso livro: Teoria da Contabilidade – Exame de Suficiência do CFC. Curitiba: Juruá, 2012. O mesmo pode ser consultado eletronicamente no endereço: www.jurua.com.br

 

[1] SOUJANEN, W. Accounting theory and the large corporation. The Accounting Review, Volume XXIX, n° 3, p. 391-398, Jul. 1954.

[2] Os saldos devedores e credores surgem pela influência das impulsões patrimoniais voltadas às origens e aplicações de recursos.

Publicado em 28/02/2013.